Bom dia, meninas.
Hoje o posto é especial. Vim falar sobre um momento que me aconteceu sábado e me tocou muito.
Não posso dizer necessariamente que foi um momento triste, mas um momento carregado de emoções: saudade, alívio... Um mix tão grande de emoções em um momento que passou tão rápido.
Algo que poderia parecer tão banal, mas que causou algo tão forte em mim que fiz questão de vir compartilhar com vocês.
Especialmente se você já perdeu alguém que você ama na sua vida.
Só fazendo um parêntese inicial, perdi minha avó materna, com quem era muito ligada e que tinha laços afetivos muito profundos há 7 anos atrás.
Acredito que tenha sido um dos momentos mais difíceis da minha vida e um ausência que nunca tenha sido preenchida. 7 anos se passaram, mas praticamente todos os dias me lembro dela, alguns com alegria, por me lembrar de algo bom que vivemos, outros com saudade por ver que ela não está mais presente na minha vida, me aconselhando, acompanhando meu amadurecimento, as mudanças que têm acontecido comigo...
Sofro comigo mesma, não gosto mto de ficar fazendo "drama" por causa disso e na maioria das vezes prefiro guardar o que sinto só comigo.
Isso acabou criando uma "carapaça" em mim, uma certa resistência que me fez forte diante das inúmeras perdas que tive ao longo dos anos. Eu achava que era uma força verdadeira que eu havia criado, sábado percebi que era só uma fachada de forte que eu queria que as pessoas vissem em mim.
No início de 2010 perdi meu primo e cunhado, irmão mais velho do Di em um terrível acidente de carro. O baque foi gigante, mas ainda assim me mantive em pé, ainda mais para tentar dar o apoio que o Di e a família precisava para superar.
De lá pra cá perdi conhecidos, mais um primo, dois tios, meu avô materno e minha avó paterna. Um baque atrás do outro, e estava cada mais difícil continuar a ser forte.
Daí que sábado pela manhã fui a um velório, eu nem conhecia, era o pai de uma cliente do Di, um senhor bem velhinho. Logo na entrada do local, em outra sala, havia um menininho sendo velado, tão pequeno, devia ter no máximo uns 10 anos, em um caixão branquinho e os parentes desolados... ali meu coração já começou a doer.
Nunca é fácil aceitar a morte, mas quando Deus leva uma criança assim tão cedo, acho que é pior ainda.
Eu não queria entrar, queria voltar pro carro, sabia que algo não iria dar certo.
O Di insistiu e nós fomos até a outra sala, onde o senhor estava sendo velado.
Assim que eu o vi, no caixão, um detalhe me chamou atenção, as mãos dele, sobre o peito, era exatamente iguais as da minha avó quando ela morreu. Os dedinhos curtos e grossos, os detalhes da pele já manchada pela idade... eu cheguei a ficar sem ar. Parecia que estava revivendo aquele momento horrível de me despedir da minha avózinha mais uma vez.
Rapidamente eu sai da sala e fui para uma área aberta e chorei como a muito tempo não fazia. O Di ficou preocupado, afinal nunca me vira chorando assim nesses momentos, logo eu que parecia "tão forte diante das perdas" afinal não era tão forte assim coisa nenhuma. Parece que tudo que eu havia segurado por tantos anos, finalmente vinha a tona.
Chorei, chorei muito, lembrando de tds essas pessoas que se foram.
Daí avistei uma espécie de Capelinha nos fundos do lugar, entrei lá e me sentei. Orei muito pela alma de todos, mas orei também por todos que sofriam com suas ausências aqui na Terra, para que fossem fortes sim, mas que tivessem sensibilidade para se lembrarem para sempre e sabedoria para compreenderem que Deus sabe exatamente o que faz e só nos resta aceitar e aguardar o dia que nos reencontraremos de novo.
Orei pela alma da minha avózinha, que nunca conheceu o Di, que não viu a minha formatura, que não foi ao meu casamento, que nunca visitou a minha casa e que nunca conheceria os bisnetos, mas que ainda assim enquanto eu vivesse estaria do meu lado. Pedi que fosse uma lembrança boa e que não me trouxesse dor me lembrar dela e pedi que olhasse por mim, de onde estivesse.
O que aconteceu depois, vcs podem acreditar que é verdade, embora seja absurdo
(pelo menos eu tenho o Di como testemunha) um beija-flor entrou na Capelinha e voou até um dos vasinhos de flores no altar. Ficou lá por vários segundos, chegou a pousar na flor e esperar.
Parecia querer me mandar uma mensagem.
E eu acho que entendi.
Uma semana iluminada a todas.